Historia em resumo

A mais séria paródia que jamais ouvi foi esta:"No começo era o absurdo, e o absurdo era, por Deus!, e Deus (divino) era o absurdo." Friedrich Nietzsche

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Religião como inexplicação da realidade.

Um dos grandes problemas da existência humana é a necessidade absurda de levantar perguntas sem respostas, como, por exemplo, a origem do universo. Mesmo que essas respostas existissem não seriam compreendidas pelo nosso intelecto; o que deveria, diante dessa impossibilidade, nos colocar em estado de inatividade, mas ao contrário, criamos uma série de estórias fantasiosas ao redor do mundo que, de tão absurdas, exigem de nós uma espécie de essência espiritual - fé - que ao meu entender se deve ao ato de acreditar em tudo o que é dito por homens que acreditam dizer o que foi dito por Deus. Não há nada que limite mais o espírito humano do que a fé. Tal sentimento nos impede de enxergar a mentira mais óbvia, a nós imposta como verdade absoluta.

Para identificar quando um determinado problema surge, é preciso desenhar, de forma a fazer entender a mente de um indivíduo com fé. Esse, só considera naturais os elos de ligação por ele alcançados, o que dispensa de certa forma um apelo metafísico, todos os demais fatores serão considerados sagrados ou profanos.

Acredito que tudo o que ocorre seja um conjunto de ações interligadas, sendo assim, tudo é natural e o sobrenatural se desfaz; mesmo que esse natural se encontre em um elo tão distante que por mim não posse ser explicado. O apelo para o além do natural se da ao não desejo de abandonar os dogmas e crendices estabelecidas em nossa sociedade escravocrata por séculos. O termo escravocrata deve ser entendido com base no conceito de Nietzsche quando afirma que “aquele que não possui dois terços do dia para si é um escravo... se precisamos de escravos para que educá-los”.

Considerando que cerca de noventa por cento da população se encontra enquadrada dentro dessa definição de escravos estabelecida por Nietzsche, podemos dizer que quanto mais ignorante o indivíduo, mais limitada sua visão; o que lhe impede de alcançar os elos mais distantes e com isso sua independência.

O nível de religiosidade pode ser medido em contraposição com nível intelectual de um indivíduo, ou seja, quanto mais ignorante mais religioso se torna.

Ulisses Maciel

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Poesia e tradução

Antes de tocar no ponto principal deste post, penso que seja de fundamental importância definir poesia, o ato de escrevê-la e como ela deve ser entendida. Usarei, por está de acordo, a definição do filósofo francês Jean-Paul Sartre que diz o seguinte: “A poesia não se serve de palavras; mas sim, as serve. Os poetas são homens que recusam a utilização da linguagem. Eles tampouco aspiram a nomear o mundo, e por isso não nomeiam nada, pois a nomeação implica um perpetuo sacrifício do nome ao objeto nomeado. Com isso se afasta por completo da linguagem–instrumento; escolheu de uma vez por todas a atitude poética que considera as palavras como coisas e não como signos. Pois a ambigüidade do signo implica que se possa interpretá-lo de forma a visar através dele a coisa significada, ou voltar para a realidade do signo e considerá-lo como objeto”.

Sartre ainda considera o processo de composição poética como algo semelhante aos pintores quando juntam cores sobre a tela; o poeta ao escrever uma frase cria um objeto; aparência. As palavras-coisas se agrupam por associações mágicas de conveniência ou não-conveniência, como as cores e os sons; elas se atraem, se repelem se queimam e sua associação compõe a verdadeira unidade poética que é a frase-objeto.

Levando em consideração a comparação de Sartre entre poesia e pintura, posso me arriscar em afirmar que ao traduzir um poema, estaria fazendo algo semelhante ao expositor, que,ao levar uma obra de Portinari para Europa, decide retirar de suas gravuras o sol escaldante do sertão e trocá-las por uma típica nevasca européia.

Com isso acredito que ao traduzir um poema se mutila e se destrói a propriedade do poeta e da língua, assim como o poema em si.



Ulisses Maciel

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ilha das flores

A utilidade da Filosofia

O senso comum de nossa sociedade considera útil o que dá prestigio, poder fama e riqueza. Julga o útil pelos resultados visíveis das coisas e das ações, identificando utilidade e a famosa expressão “levar vantagem em tudo". Desse ponto de vista, a Filosofia é inteiramente inútil e defende o direito de ser inútil.
Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.



Marilena Chauí

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Linguagem como parte fundamental na formação do mundo.

O mundo se constitui de uma formação interdependente entre o indivíduo e a realidade, na qual o indivíduo é parte formadora do mundo e se forma a partir dele. Tal pensamento encontra suporte na análise do filósofo checo - brasileiro Vilém Flusser quando ao explicar a nossa relação com o mundo através da linguagem, afirma que a realidade bruta é por nós absorvida por meio dos sentidos, transformada em linguagem por nós compreendida (pensamento) e expressos através do intelecto em direção dos sentidos; nesse ultimo processo deixamos de ser transformados para sermos transformadores do mundo.

Sendo a compreensão da realidade em si uma tarefa inalcançável e a representação dessa realidade através da linguagem tão impossível quanto a sua compreensão, resta-nos a não busca por essa realidade bruta, mas sim, a representação da única realidade a nós possível, a realidade como representação através da linguagem estabelecida numa comunicação entre sentidos, intelecto e inteligência.

REALIDADE EM SI > SENTIDOS >INTELECTO>INTELIGÊNCIA = REALIDADE POSSÍVEL

Sendo assim me arrisco a demonstrar a relação entre o indivíduo e a realidade através do pensamento. E como esse envolvimento é responsável pela construção de nossa idéia de realidade, de forma constante e sem nenhuma interferência, se não a de nós sobre nós mesmos. Somos os únicos responsáveis pela condição em que vivemos; não eu;, não você, não Deus, não o Diabo, mas nós; numa cadeia inseparável de ações.


Ulisses Maciel