Historia em resumo

A mais séria paródia que jamais ouvi foi esta:"No começo era o absurdo, e o absurdo era, por Deus!, e Deus (divino) era o absurdo." Friedrich Nietzsche

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Sobre o arrependimento e o perdão.

Considera-se uma das maiores demonstrações de poder, a capacidade de se perdoar aquele que, de acordo com um determinado costume, comete um erro. Como sabemos a maior demonstração desse poder, para sociedade ocidental, se dá pelo sacrifício de Jesus Cristo, ser mitológico ou não, que tem como marco em sua história a morte inocente na cruz em prol do perdão de todos os erros a se cometer pela humanidade, bastando apenas o arrependimento para que o perdão seja concedido.


Porém, qual é o limite do perdão? Seria justo, uma vida dedicada ao erro ser perdoada por um único momento de consciência? Como podemos entender o estado psicológico que denominamos arrependimento?


Na minha opinião, o limite do perdão se dá em um processo de avaliação justa do erro e das conseqüências a serem aplicadas. De forma alguma o perdão deve significar ausência de punição. Quando cometemos um erro ao manusear uma faca, por exemplo, e nos cortamos, o arrependimento não nos livrará do ferimento, e, mesmo tomando os devidos cuidados posteriores, a cicatriz servirá de alerta sempre que retornarmos a manipular uma faca.


O arrependimento é um estado de consciência das possíveis conseqüências negativas do erro, juntamente com uma relação de temor, responsável pela sensação de insegurança em relação ao futuro do ser que comete o erro. Qualquer tentativa de defender a idéia de perdão como isenta de punição deve ser negada.


O cristianismo, na minha forma de pensar, influencia negativamente toda a sociedade. Pois fornece um álibi ao indivíduo que erra isentando-o das conseqüências. Para melhor entendermos o que quero dizer, recorrerei a dois exemplos claros. O primeiro se encontra na bíblia, onde um criminoso ao ser crucificado diz se arrepender de uma vida dedicada ao crime. Jesus se sensibiliza, perdoa e promete estar no mesmo dia com ele no paraíso. A vida dedicada ao crime é simplesmente ignorada. Um outro exemplo simples, mas não menos importante é o do indivíduo que ao cometer um erro diz: "vamos passar uma borracha nisso" ou "me perdoa! Vamos esquecer tudo isso."

Perdoar segundo o ensinamento cristão é esquecer o erro. E isso me incomoda muito, pois transforma arrependimento e perdão em conceitos opostos. O arrependimento deixa de ser um sinal de alerta em direção à possível recorrência do erro, e passa a ser um sentimento sínico em relação à culpa, pois não importa a gravidade dos erros cometidos, contando que se lembre de pedir perdão no final.

Ulisses Maciel