Historia em resumo

A mais séria paródia que jamais ouvi foi esta:"No começo era o absurdo, e o absurdo era, por Deus!, e Deus (divino) era o absurdo." Friedrich Nietzsche

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O pecado que Deus não viu.

Gênesis 19, 31:38

"A mais velha disse à mais nova: 'Nosso pai já está velho e na terra não há nenhum homem para ter relação conosco, como se faz em todo lugar. Vamos embriagar nosso pai para ter relação com ele; assim daremos uma descendência ao nosso pai'. Nessa noite, elas embriagaram o pai e a mais velha deitou-se com ele, que não percebeu nem quando ela se deitou, nem quando se levantou. No dia seguinte, a mais velha disse para mais nova: 'Na noite passada eu dormi com meu pai; esta noite, nós o embriagaremos de novo, e você se deitará com ele; assim daremos uma descendência ao nosso pai'. Também nessa noite, elas embriagaram o pai, e a mais nova deitou-se com ele, que não percebeu nem quando ela se deitou, nem quando se levantou. E as duas filhas de Ló ficaram grávidas do próprio pai. A mais velha deu a luz à um filho, e o chamou Moab, que é o antepassado dos (atuais) moabitas. Também a mais nova deu á luz um filho, e o chamou Ben-Ami, que é o antepassado (dos atuais) amonitas."

Comentário: Esta é uma passagem bíblica que me chama muito a atenção, por não ser abordada com frequência. Afinal, vai de encontro ao comportamento moral, aceito pelos preceitos culturais da atualidade. A ciência enfatiza os riscos consequentes de um possível cruzamento genético parental. E nossa sociedade, mesmo sendo cristã, ignora completamente essa passagem e abomina qualquer relação sexual entre parentes consanguíneos, em especial, entre pais e filhos ou irmãos. O que põe em xeque o mais fundamental preceito bíblico, o da inquestionabilidade. Durante séculos, adeptos das sagradas escrituras, impuseram a uma grande massa ignorante, as mais absurdas idéias, com o simples propósito de dominação. E assim, no que toca a questão do incesto cometido entre o personagem bíblico Ló e suas filhas, demonstramos, que as vezes, mesmo acreditando-se cegamente em algo, uma reação instinto-repulsiva, sobrepõe a credulidade insana.

Ulisses Maciel

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Seria a arca a maior embarcação já construída?

Gênesis 6, 19

"Tome um casal de cada ser vivo, isto é, macho e fêmea, e coloque-os na arca, para que conservem a vida juntamente com você."

Comentário: Com base em um relatório divulgado pela revista científica PLoS Biology, o mundo possuiria cerca de 8,7 milhões de espécies. Dentre elas a grande maioria de animais, seguidas de plantas, fungos e protozoários. Portanto, tomo a liberdade de considerar bastante improvável o armazenamento de um número tão abrangente de espécies, mesmo em uma embarcação moderna. Lembrando, que se levarmos em consideração o par, estamos falando de mais de 17 milhões de espécimes. Em uma arca com cento cinquenta metros de comprimento, construída por um único homem, cerca de 5.000 anos atrás.

Ulisses Maciel

A onisciência de deus.

Gênesis 6, 6 

"Então Javé se arrependeu de ter feito o homem sobre a terra, e seu coração ficou magoado." 

Comentário: Para entendermos o ponto que busco abordar nessa breve nota, é necessário que entendamos o conceito de onisciência e arrependimento. O primeiro, de acordo com o dicionário da academia brasileira de letras, qualifica aquele que tudo sabe, que conhece tudo. Já o segundo faz referencia ao sentimento de pesar por algo realizado equivocadamente no passado. Então cabe-nos a seguinte pergunta: Qual a possibilidade de um ser onisciente arrepender-se? Sendo que essencialmente todo o arrependimento segue um ato falho, ou seja, um erro. Seria possível um ser que tudo sabe deparar-se com um desconhecido capaz de provocar-lhe o arrependimento? 

Ulisses Maciel

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Entre o paraíso e o nada.

Gênesis 3-16:19

"Javé Deus disse então para a mulher: 'Vou fazê-la sofrer muito em sua gravidez: entre dores, você dará a luz seus filhos; a paixão vai arrastar você para o marido, e ele a dominará'.
Javé Deus disse para o homem: 'Já que você deu ouvidos à sua mulher e comeu da árvore cujo o fruto eu lhe tinha proibido comer, maldita seja a terra por sua causa, Enquanto você viver, você dela se alimentará com fadiga. A terra produzirá para você espinhos e ervas daninhas, e você comerá a erva dos campos. Você comerá seu pão com o suor do seu rosto, até que volte para terra, pois dela foi tirado. Você é pó, e ao pó voltará.'"


                               
Comentário: Como não poderia ser diferente, nos deparamos com uma nova alegoria, desta vez, buscando explicar não só a finitude existencial humana, como também a condição social em que se encontravam os prováveis leitores dos escritos sagrados. Como indivíduo consciente, nada mais natural ao homem do que o conhecimento do próprio ser como algo temporal, ou seja, a consciência da própria morte. O que nos levou, de certa forma, à criação de justificativas absurdas ligada à possibilidade de uma vida para além da existência. O que acredito ser a ilusão mais difundida na história da humanidade. Existem varias formas de existir, porém, nenhuma delas é eterna. O que ocorre é uma dificuldade natural em aceitar o nada que nos tornamos ao morrer. 
Em um segundo plano, com uma alta carga de intimidação, o autor do texto reitera o papel de subserviência que a mulher ocuparia naquela sociedade. Justificando assim, com base na "sagrada escritura", um carácter lamentável que ainda se mantém forte nos dias de hoje. Não diferente da mulher, ao homem também é imposto um perfil de trabalhador que há muito já existia. Sob o argumento que tratava a condição sofrida da maior parte da população como resultado de um castigo divino, as elites políticas e religiosas da época, mesmo em menor número, controlavam facilmente as pessoas menos privilegiadas, que aceitavam a exploração como um fardo a ser carregado em vida e recompensada no paraíso.     

 Ulisses Maciel

E surge o homem consciente.

A partir deste post, o blog será dedicado, por um determinado tempo, a trechos da "Sagrada escritura" que não obtiveram, ao meu ver, uma interpretação satisfatória. Então para começar segue a seguinte passagem.

Gênesis 3:3-6

"Deus disse: 'Vocês não comerão dele (do fruto), nem o tocarão, do contrário vocês vão morrer'. Então a serpente disse para a mulher: 'De modo nenhum vocês morrerão. Mas Deus sabe que, no dia em que vocês comerem o fruto, os olhos de vocês vão se abrir, e vocês se tornarão como deuses, conhecedores do bem e do mal'.
Então a mulher viu que a árvore tentava o apetite, era uma delicia para os olhos e desejável para adquirir discernimento. Pegou o fruto e o comeu. Então abriram-se os olhos dos dois e perceberam que estavam nus." 



Comentário: Durante algum tempo, acreditava-se na veracidade incontestável da Bíblia, ainda hoje, existem vertentes religiosas que defendem a "Palavra" como um pronunciamento direto de Deus ao homem, porém se prestarmos um pouco mais de atenção, veremos que esta passagem, nada mais é do que uma alegoria que busca explicar o surgimento do homem como conhecedor de sua existência.
O nosso entendimento não é capaz de retornar ao momento exato de transição do estado inconsciente para o estado em que nos encontramos hoje. A maçã, como acreditam alguns, seria a fronteira simbólica entre estes dois estados de consciência. E a inquestionabilidade imposta aos leitores da sagrada escritura, dificultou de certa maneira, uma compreensão mais racional e lógica, não só da passagem em questão, como de todos os livros e leis que compõem a sagrada escritura.  

Ulisses Maciel