Historia em resumo

A mais séria paródia que jamais ouvi foi esta:"No começo era o absurdo, e o absurdo era, por Deus!, e Deus (divino) era o absurdo." Friedrich Nietzsche

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A caixa


Certa manhã, um homem de nome muito comum, acordou em um quarto composto de paredes inteiramente brancas e no centro uma cama na qual se encontrava deitada tal figura.
De maneira vagarosa ele pôs-se sentado na beira do leito, tomou um pouco de água que fora deixada em um copo ao lado de sua cabeceira e como que num processo de retorno a consciência, pensa:
- O que estou fazendo aqui?
Uma voz de tom grave, do tipo que relacionamos à pessoas extremamente sérias, se projeta de um alto falante localizado ao lado direito do quarto:
-O senhor está sob custódia permanente do rei dessa terra. Sua liberdade será anunciada segundo a vontade de nossa majestade. Qualquer tentativa de fuga é irrelevante, pois as paredes de seus aposentos são intransponíveis e o lado externo se encontra fortemente guardado.
- Qual o motivo de minha vinda à este lugar? Indaga o homem.
- O rei deseja vê-lo e pede encarecidamente que aguarde o tempo necessário.
Assim faz o homem durante cerca de cinqüenta anos.
No aniversário de setenta e cinco anos, as portas se abrem sem nenhuma explicação. Assustado, o homem que a essa altura se locomove com dificuldade, aproxima-se da porta e projeta o rosto para o lado externo do aposento com cautela. Deparando-se com uma atmosfera totalmente artificial, percebe que as paredes que para ele, durante longos cinqüenta anos, foram de concreto massiço não passavam de uma camada de madeira fina e papel, uma espécie de cenário cinematográfico.
O homem que estava prostrado de joelhos no chão, carregava uma expressão de espanto no rosto e balbuciava algo como:
- Cinqüenta anos, cinqüenta anos...
Ulisses Maciel