Historia em resumo

A mais séria paródia que jamais ouvi foi esta:"No começo era o absurdo, e o absurdo era, por Deus!, e Deus (divino) era o absurdo." Friedrich Nietzsche

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Poesia e tradução

Antes de tocar no ponto principal deste post, penso que seja de fundamental importância definir poesia, o ato de escrevê-la e como ela deve ser entendida. Usarei, por está de acordo, a definição do filósofo francês Jean-Paul Sartre que diz o seguinte: “A poesia não se serve de palavras; mas sim, as serve. Os poetas são homens que recusam a utilização da linguagem. Eles tampouco aspiram a nomear o mundo, e por isso não nomeiam nada, pois a nomeação implica um perpetuo sacrifício do nome ao objeto nomeado. Com isso se afasta por completo da linguagem–instrumento; escolheu de uma vez por todas a atitude poética que considera as palavras como coisas e não como signos. Pois a ambigüidade do signo implica que se possa interpretá-lo de forma a visar através dele a coisa significada, ou voltar para a realidade do signo e considerá-lo como objeto”.

Sartre ainda considera o processo de composição poética como algo semelhante aos pintores quando juntam cores sobre a tela; o poeta ao escrever uma frase cria um objeto; aparência. As palavras-coisas se agrupam por associações mágicas de conveniência ou não-conveniência, como as cores e os sons; elas se atraem, se repelem se queimam e sua associação compõe a verdadeira unidade poética que é a frase-objeto.

Levando em consideração a comparação de Sartre entre poesia e pintura, posso me arriscar em afirmar que ao traduzir um poema, estaria fazendo algo semelhante ao expositor, que,ao levar uma obra de Portinari para Europa, decide retirar de suas gravuras o sol escaldante do sertão e trocá-las por uma típica nevasca européia.

Com isso acredito que ao traduzir um poema se mutila e se destrói a propriedade do poeta e da língua, assim como o poema em si.



Ulisses Maciel

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