Historia em resumo

A mais séria paródia que jamais ouvi foi esta:"No começo era o absurdo, e o absurdo era, por Deus!, e Deus (divino) era o absurdo." Friedrich Nietzsche

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Entre o paraíso e o nada.

Gênesis 3-16:19

"Javé Deus disse então para a mulher: 'Vou fazê-la sofrer muito em sua gravidez: entre dores, você dará a luz seus filhos; a paixão vai arrastar você para o marido, e ele a dominará'.
Javé Deus disse para o homem: 'Já que você deu ouvidos à sua mulher e comeu da árvore cujo o fruto eu lhe tinha proibido comer, maldita seja a terra por sua causa, Enquanto você viver, você dela se alimentará com fadiga. A terra produzirá para você espinhos e ervas daninhas, e você comerá a erva dos campos. Você comerá seu pão com o suor do seu rosto, até que volte para terra, pois dela foi tirado. Você é pó, e ao pó voltará.'"


                               
Comentário: Como não poderia ser diferente, nos deparamos com uma nova alegoria, desta vez, buscando explicar não só a finitude existencial humana, como também a condição social em que se encontravam os prováveis leitores dos escritos sagrados. Como indivíduo consciente, nada mais natural ao homem do que o conhecimento do próprio ser como algo temporal, ou seja, a consciência da própria morte. O que nos levou, de certa forma, à criação de justificativas absurdas ligada à possibilidade de uma vida para além da existência. O que acredito ser a ilusão mais difundida na história da humanidade. Existem varias formas de existir, porém, nenhuma delas é eterna. O que ocorre é uma dificuldade natural em aceitar o nada que nos tornamos ao morrer. 
Em um segundo plano, com uma alta carga de intimidação, o autor do texto reitera o papel de subserviência que a mulher ocuparia naquela sociedade. Justificando assim, com base na "sagrada escritura", um carácter lamentável que ainda se mantém forte nos dias de hoje. Não diferente da mulher, ao homem também é imposto um perfil de trabalhador que há muito já existia. Sob o argumento que tratava a condição sofrida da maior parte da população como resultado de um castigo divino, as elites políticas e religiosas da época, mesmo em menor número, controlavam facilmente as pessoas menos privilegiadas, que aceitavam a exploração como um fardo a ser carregado em vida e recompensada no paraíso.     

 Ulisses Maciel

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